Thácio
Siqueira | 02/03/16
Mais uma
audiência geral do Papa Francisco na praça de São Pedro acompanhado por
milhares de peregrinos de todo o mundo, nesta quarta-feira. O pontífice
refletiu sobre a relação entre a misericórdia divina e a correção.
Como de
costume, antes do início da audiência, o Santo Padre deu uma volta no papamóvel
pelos corredores da praça, para, assim, poder cumprimentar mais de perto os
fiéis ali reunidos. Muitos levantavam suas faixas e bandeiras, e mostravam sua
proximidade e entusiasmo pela passagem do Pontífice. E enquanto isso ele parava
de forma especial quando se aproximavam algumas crianças, para dar-lhes a sua
bênção.
No resumo
da catequese que Francisco fez em português disse o seguinte:
“Na
Sagrada Escritura, aparece Deus também com a amargura de um pai desiludido:
gerou e fez crescer filhos, que agora se revoltaram contra Ele. Embora ferido,
Deus deixa falar o amor e faz apelo à consciência destes filhos degenerados,
para que se convertam e se deixem amar de novo. A missão educativa dos pais tem
em vista fazer crescer os filhos em liberdade, torná-los responsáveis, capazes
de fazer o bem. Mas, por causa do pecado, a liberdade torna-se pretensão de
autonomia absoluta e o orgulho leva à contraposição e à ilusão de
auto-suficiência. A consequência do pecado é um estado de desolação geral. Onde
se rejeita Deus e a sua paternidade, não é possível haver vida: a existência
perde as suas raízes, tudo acaba pervertido e aniquilado. Mas também esta
dolorosa situação visa a salvação. Como pai, Deus educa seus filhos e, quando
erram, corrige-os favorecendo o seu crescimento no bem. A provação é enviada
para que possam experimentar a amargura de quem abandona Deus, vendo o vazio
desolador duma opção de morte. O sofrimento, derivado duma decisão
autodestrutiva, deve fazer reflectir o pecador para o abrir à conversão e ao
perdão. A punição torna-se o instrumento para fazer reflectir. Vemos assim que
Deus sempre quer perdoar ao seu povo: Ele não destrói tudo, mas deixa aberta a
porta à esperança. O caminho do regresso não passa tanto pela multiplicação das
ofertas rituais do culto – que devem exprimir a conversão e não substituí-la –
como sobretudo pela prática da justiça. O culto sim, mas oferecido com mãos
puras, evitando o mal e praticando o bem.”
Em
seguida, cumprimentou os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os
fieis da paróquia Nossa Senhora do Lago de Brasília.
“Amados
peregrinos de língua portuguesa, cordiais saudações para todos vós, de modo
especial para os fiéis da paróquia de Nossa Senhora do Lago de Brasília. Sobre
os vossos passos, invoco a graça do encontro com Deus: Jesus Cristo é a Tenda
divina no meio de nós. Ide até Ele, vivei na sua amizade e tereis a vida
eterna. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção de Deus!”
Depois de
completar as saudações em diferentes línguas, Francisco dedicou umas palavras
aos jovens, doentes e recém-casados. Dessa forma recordou que depois de amanhã
será a primeira sexta-feira do mês, dedicada à devoção do Coração de Jesus. Por
isso pediu aos jovens que passem o dia que lembra a morte de Jesus “com
especial intensidade espiritual”. Convidou os doentes a olhar a cruz de Cristo
“como apoio para o vosso sofrimento”. E para concluir exortou os recém-casados
a exercitar na sua vida conjugal “o jejum das obras do mal e a prática das
virtudes”.
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