QUARTO
DOMINGO DA QUARESMA
Ciclo C
Textos:
Josué 5, 9a.10-12; 2 Co 5, 17-21; Lc 15, 1-3. 11-32
Ideia
principal: Tiremos ao proscênio da nossa vida os personagens da parábola,
sob a inspiração de alguns Santos Padres da Igreja.
Síntese
da mensagem: O Papa Francisco diz na sua carta “Misericordiae
vultus”: “Nas parábolas dedicadas à misericórdia, Jesus revela a natureza de
Deus como a de um Pai que jamais se dá por vencido até que não tenha dissolvido
o pecado e superado a rejeição com a compaixão e a misericórdia. Conhecemos
estas parábolas; três em particular: a da ovelha perdida e da moeda extraviada,
e a do pai e os dois filhos (cf. Lc 15,1-32). Nestas parábolas, Deus se
apresenta sempre cheio de alegria, sobretudo quando perdoa. Nelas encontramos o
núcleo do Evangelho e da nossa fé, porque a misericórdia se mostra como a força
que vence tudo, que enche de amor o coração e que consola com o perdão” (n.9).
O homem que teve dois filhos é Deus, que tem dois povos. O filho maior é o povo
judeu; o menor, o gentil. A herança recebida do pai é a inteligência, a mente,
a memória, o engenho e tudo aquilo que Deus nos deu para que conhecêssemos e
louvássemos.
Pontos da
ideia principal:
Em
primeiro lugar, o filho menor. É o povo gentil. Afastou-se
da casa do Pai rumo a uma região longínqua, para esbanjar o tesouro e dissipar
a herança que Deus prodigamente lhe tinha confiado. E lá nessa região do pecado
a sua imagem e a sua semelhança que o Criador tinha impresso na sua alma foi se
escurecendo. Queria uma liberdade sem limites. Deixou-se levar por enganos
ilusórios, tratando de saciar a sede de felicidade que se aninhava no seu
coração com os prazeres deste mundo. O que aconteceu? Caiu na mais profunda
degradação espiritual moral existencial. Dois elementos foram fundamentais para
voltar para casa: a reflexão e o sentido da família na formação espiritual dos
filhos. Primeiro, a reflexão. Este filho menor refletiu. Deus permite a
nossa miséria para que, voltando sobre nós mesmos, experimentando a nossa
indigência, sintamos saudade da casa do Pai e voltemos ao único Bem que pode
apagar a nossa sede de infinito. “Fizestes-nos, Senhor, para Vós, e os nosso
coração está inquieto até não descansar em Vós” (Santo Agostinho, Confissões,
I, 1). Será a reflexão sobre os nossos passos que nos permitirá conhecer-nos
melhor à luz de Deus, confessando assim a nossa miséria. Santa Teresa de Jesus,
mestra do diálogo entre a alma e Deus, dizia que o primeiro passo da vida de
oração era conhecer-se à luz de Deus. E segundo, o sentido da família. Se
este filho menor decide voltar é porque na casa do seu Pai sente segurança, o
amor e a ternura do seu Pai, ademais das comodidades que lhe brindava a vida
familiar. Atenção aos pais de família para que encham os seus filhos de
carinho, calor e abraços, para que não se deixem levar das exigências da carne
e dos paraísos enganosos da droga e das falsas ideologias! É na família onde se
semeiam as primeiras sementes da fé se formam os hábitos que libertam os filhos
da escravidão interior.
Em
segundo lugar, o filho maior. É o povo judeu cumpridor da
lei, fiel à Aliança divina, guiado pelos Patriarcas e Profetas. Porém, pouco a
pouco, um verme foi carcomendo esta fidelidade, o pior dos males, a soberba.
Esquecendo que a eleição divina era um dom gratuito, e não algo que lhe era
devido em justiça, começou a desprezar aqueles que tinham ido a regiões
longínquas. Perdeu o sentido universal da sua missão, enterrou o talento que
lhe tinha sido confiado, sem fazê-lo produzir para o bem de todos. Povo este
sem misericórdia e despiedado com quem não cumpriam ao pé da letra o que eles
consideravam a lei de Deus. Pensavam ter direitos diante do seu pai. Achavam
que eram justos. À soberba e presunção do mérito próprio, juntaram o ressentimento,
a inveja, a ira, a tristeza interior. Que pena, pois este filho maior veio para
quebrar a sinfonia maravilhosa da casa e não quis entrar na festa da
misericórdia!
Finalmente, o
pai misericordioso. Misericordioso com o filho menor e com o maior, também.
Com os dois usou da sua infinita misericórdia. Com o filho menor, misericórdia
concretizada nestes detalhes: respeita a liberdade, sabe esperar com paciência
o tempo da maduração do seu filho, recebe-o com júbilo e esplendidez, e o
restitui na sua dignidade humana e espiritual. Com o filho maior, misericórdia
concretizada nestes detalhes: sai para chamar o filho, convida-o à festa comum,
suporta a humilhação do seu filho ao jogar na sua cara tanta misericórdia com o
menor, e lhe diz que em casa não é escravo, mas filho, e que pode dispor dos
bens da família. Derramou lágrimas de alegria, sim, pela volta do filho menor,
mas também de tristeza e pena, pelo filho maior.
Para
refletir: Sou consciente da luta e violência terrível que o demônio e o espirito
do mundo desatam contra a família, contra a pureza do amor humano tal qual Deus
os criou e redimiu em Cristo, contra a inocência das crianças despertando neles
a desconfiança aos seus pais e à toda autoridade legítima, propondo “novos
mestres”, falando de amor livre, de divórcio, chamando normais condutas
destrutivas para a família, manipulando a vida humana pelos abusos da
engenharia genética? Com qual dos dois filhos me identifico? Tenho coração
misericordioso como esse pai da parábola?
Para
rezar: Nunca melhor do que hoje para rezar o ato de contrição: “Meu Senhor
Jesus Cristo! Deus e Homem verdadeiro, Criador, Pai e Redentor meu; por ser Vós
quem sois, Bondade infinita, e porque vos amo sobre todas as coisas, pesa-me de
todo coração ter-vos ofendido; também me pesa porque podeis me castigar com as
penas do inferno. Ajudado pela vossa divina graça, proponho firmemente nunca
mais pecar, confessar-me e cumprir a penitencia que for imposta. Amém”. Ou
estas linhas de Santa Faustina Kowalska: “Desejo me transformar na vossa
misericórdia e ser um vivo reflexo de Vós, ó Senhor. Que este maior atributo de
Deus, isto é a sua insondável misericórdia, passe através do meu coração e da
minha alma ao próximo. Ajudai-me, Senhor, para que o meu coração seja
misericordioso, para que eu sinta todos os sofrimentos do meu próximo. A
ninguém recusarei o meu coração. Serei sincera inclusive com aqueles dos quais
sei que abusarão da minha bondade. E eu mesmo me fecharei no
misericordiosíssimo Coração de Jesus. Suportarei os meus próprios sofrimentos
em silêncio. Que a vossa misericórdia, xodó Senhor, repouse dentro de mim. Meu
Jesus, transformai-me em Vós porque Vós podeis tudo. Amém”. (Diário 163).
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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