Sergio
Mora | 10/03/16
O Papa
Francisco convidou os leigos da América Latina para participarem mais na vida
pública dos seus países. O pronunciamento ocorreu durante a plenária da
Pontifícia Comissão da América Latina (CAL) reunida, ao concluir no dia 4 de
março, no Vaticano, a sua assembleia plenária de quatro dias.
O cardeal
Marc Ouellet, presidente da CAL, dirigindo-se ao Santo Padre “que veio da
América Latina” e a “quem servimos de todo o coração”, lhe agradeceu a
audiência concedida, e destacou que durante a Plenária abordaram-se as
situações que Francisco “foi destacando nas suas viagens apostólicas nos países
latino-americanos” como a pobreza e exclusão, desigualdades sociais, tráfico de
droga, corrupção e violências.
E isso
requer a intervenção de “novas gerações de leigos católicos, partícipes na
dialética democrática, coerentes com a sua fé” que sejam capazes de “abrir
caminhos ao Evangelho para ir criando condições de maior dignidade, justiça,
fraternidade e paz para todos”.
O Santo
Padre em suas palavras destacou a importância e a atualidade do tema da
Plenária: “O indispensável compromisso dos leigos na vida pública dos países
latino-americanos”, e destacou a necessidade urgente de uma reflexão que não
fique em um texto, mas que conduza à ação.
Especificamente,
falou da necessidade de que os pastores sejam guias do seu povo vivendo com
eles, estando no meio do seu povo, “atrás dele” para ajudar e orientar os retardatários
e “diante dele” para guiá-lo.
Mas ao
mesmo tempo destacou dois grandes vícios da relação entre os leigos e a
hierarquia: o clericalismo e o pelagianismo, sendo o primeiro talvez o mais
difundido e pernicioso, pois reduz o leigo a uma espécie de colaborador do
sacerdote ou a um ator passivo, cuja ação se limita a seguir as diretrizes dos
clérigos.
Neste
sentido, afirmou o Papa categoricamente que “entramos na Igreja como leigos,
não como sacerdotes”, recordando várias vezes durante o seu discurso a
importância que tem, por isso, a noção de “povo de Deus”.
Convidou
assim todos os participantes – que incluíam três leigos que participaram como
convidados na Assembleia – a trabalhar intensamente para incentivar a partir da
Igreja, a real inserção dos leigos na vida pública dos países da América Latina
e a uma verdadeira “conversão pastoral” que favoreça essa missão.
A
plenária iniciou o seu trabalho na terça-feira com uma missa na Basílica de São
Pedro, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro. Entre as apresentações esteve a do
dr. Guzmán Carriquiry: sobre como explicar “a notável ausência no âmbito
político, comunicativo e universitário de vozes e iniciativas de líderes
católicos”.
O cardeal
Robles Ortega, arcebispo de Guadalajara, deu uma palestra sobre “Critérios e
modalidades para a formação de uma nova geração de leigos católicos como
construtores da sociedade”.
Pelo
contrário, o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, falou de “Escuta,
apoio, companheirismo e orientação dos pastores aos leigos comprometidos na
vida pública: como fazer isso?
Por sua
parte, o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, abordou o
tema “Rumo a um projeto histórico para a América Latina: contribuições
fundamentais dos católicos para um ‘programa’ de transformação social e
construção da nação na América Latina”. O cardeal Ouellet, ao concluir o
evento, apresentou, além do mais, um projeto de recomendações pastorais.
O cardeal
canadense destacou também durante o congresso que dentre os objetivos insere-se
a colaboração entre a Comissão Pontifícia e o CELAM, que tem já como horizonte
próximo a Celebração continental do Jubileu da Misericórdia, que será realizada
em Bogotá do 27 ao 30 de agosto deste ano.
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