segunda-feira, 14 de março de 2016

Francisco: três anos de tolerância zero contra os abusos sexuais



Sergio Mora  |  14/03/16

Neste domingo, 13 de março, o papa Francisco celebrou seu terceiro ano de pontificado. Ele herdou de Bento XVI diretrizes firmes para combater os abusos sexuais, para garantir a transparência das contas e para levar adiante a reforma da Igreja. O pe. Miguel Yañez, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, como tantos outros, não tem dúvidas: “Nem todos acolheram o contexto de renovação lançado pelo papa Francisco, mas já se percebe um novo espírito, que recupera o Evangelho e que chama a dar testemunho de uma Igreja em saída”.
O sacerdote jesuíta conhece Bergoglio há muitos anos: o atual papa foi seu professor no Colégio Máximo de San Miguel. Yañez, hoje, é também diretor do departamento de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Gregoriana. A um jornalista que disse que “Francisco voltou a dar aos católicos o orgulho de sê-lo”, o padre respondeu: “Sim, isso é verdade, mas há mais do que isso. Não é questão de ser católico, mas de ser cristão. E, como disse um artista italiano, Francisco está levando a Igreja ao Evangelho, uma percepção que eu acho que é muito clara”.
Coisas que estavam em segundo plano se tornaram importantes, disse ele: “Agora o Evangelho está em primeiro plano. Quase tudo está como antes, mas mudou a avaliação, a prioridade, ou seja, o Evangelho vem antes de qualquer outra coisa”.
Questionado sobre a linha adotada pelo papa Francisco para combater os abusos sexuais, o jesuíta não tem dúvidas: “A Igreja pôde reagir, ativando uma série de medidas e uma política de tolerância zero que ela continua a implementar”.
Yañez especifica que “a tarefa é enorme e é necessário sensibilizar toda a comunidade cristã, não apenas os bispos e os padres”, porque “este é um problema que não é só da Igreja. Não podemos pedir perdão pelo que aconteceu sem esquecer que as estatísticas indicam que a maioria dos abusos ocorre na família e nos ambientes próximos da vítima. Também contra esses crimes a Igreja pode se tornar uma fonte de inspiração da sociedade, a fim de proteger todas as crianças dos abusos sexuais”.
Embora as pessoas percebem que a situação é hoje diferente daquela de anos atrás, o padre evita o triunfalismo e declara: “Não devemos baixar a guarda (…) Não podemos ser complacentes. Depende das regiões e dos países. Onde houve a crise, houve reação. Eu me pergunto se na América Latina e na África eles vão conseguir reagir também. Estamos vendo o que acontece, se vamos ter a capacidade de prevenir e reagir com a devida serenidade para que não aconteça a mesma coisa”.





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