Redacao
| 10/03/16
A
Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta
quinta-feira, 10, durante coletiva de imprensa, nota sobre o momento atual
do Brasil aprovada pelo Conselho Permanente, reunido de 8 a
10 deste mês, na sede da Conferência, em Brasília.Confira a íntegra do
texto:
NOTA DA
CNBB SOBRE O MOMENTO ATUAL DO BRASIL
“O fruto
da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz” (Tg 3,18)
Nós,
bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil–CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 8 a 10 de março de 2016,
manifestamos preocupações diante do grave momento pelo qual passa o país e, por
isso, queremos dizer uma palavra de discernimento. Como afirma o Papa
Francisco, “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião a uma
intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e
nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil,
sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (EG,
183).
Vivemos
uma profunda crise política, econômica e institucional que tem como pano de
fundo a ausência de referenciais éticos e morais, pilares para a vida e
organização de toda a sociedade. A busca de respostas pede discernimento, com
serenidade e responsabilidade. Importante se faz reafirmar que qualquer solução
que atenda à lógica do mercado e aos interesses partidários antes que às
necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a ética e se desvia
do caminho da justiça.
A
superação da crise passa pela recusa sistemática de toda e qualquer corrupção,
pelo incremento do desenvolvimento sustentável e pelo diálogo que resulte num
compromisso entre os responsáveis pela administração dos poderes do Estado e a
sociedade. É inadmissível alimentar a crise econômica com a atual crise
política. O Congresso Nacional e os partidos políticos têm o dever ético de
favorecer e fortificar a governabilidade.
As
suspeitas de corrupção devem ser rigorosamente apuradas e julgadas pelas
instâncias competentes. Isso garante a transparência e retoma o clima de
credibilidade nacional. Reconhecemos a importância das investigações e seus
desdobramentos. Também as instituições formadoras de opinião da sociedade têm
papel importante na retomada do desenvolvimento, da justiça e da paz social.
O momento
atual não é de acirrar ânimos. A situação exige o exercício do diálogo à
exaustão. As manifestações populares são um direito democrático que deve ser
assegurado a todos pelo Estado. Devem ser pacíficas, com o respeito às pessoas
e instituições. É fundamental garantir o Estado democrático de direito.
Conclamamos
a todos que zelem pela paz em suas atividades e em seus pronunciamentos. Cada
pessoa é convocada a buscar soluções para as dificuldades que enfrentamos.
Somos chamados ao diálogo para construir um país justo e fraterno.
Inspirem-nos,
nesta hora, as palavras do Apóstolo Paulo: “trabalhai no vosso aperfeiçoamento,
encorajai-vos, tende o mesmo sentir e pensar, vivei em paz, e o Deus do amor e
da paz estará convosco” (2 Cor 13,11).
Nossa
Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, continue intercedendo pela nossa nação!
Brasília,
10 de março de 2016.
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