Diante
das crônicas, que diariamente relatam terríveis notícias de “homicídios”,
“acidentes” e “catástrofes”, não devemos ceder a atitudes supersticiosas, vendo
nessas coisas punições divinas e culpar os homens ou até mesmo Deus.
Em face
de tais eventos, disse nesse domingo, 28, o Papa Francisco, por ocasião do
Angelus, é necessário comportar-se como recomendado por Jesus.
No Evangelho
de hoje (cf. Lc 13,1-5), o Senhor menciona “dois acontecimentos trágicos que,
naquele tempo, tinham causado grande espanto: uma repressão cruenta realizada
pelos soldados romanos dentro do templo; e a queda da torre de Siloé, em
Jerusalém, que tinha causado dizoito vítimas”, recordou o Santo Padre.
Jesus é
consciente da “mentalidade supersticiosa” de seus interlocutores e do “caminho
errado” com o qual interpretavam esses eventos: eles pensam que “se aqueles
homens foram mortos de forma tão cruel, é sinal de que Deus os castigou por
alguma culpa grave que tinham cometido” e que, em certo sentido, “eles
mereciam”, enquanto que quem tinha sido poupado poderia estar “tranquilo” na
consciência.
De fato,
explica Jesus, “Deus não permite as tragédias para punir as culpas”, também
porque “aquelas pobres vítimas não eram piores do que outros”. O seu convite é
de “tirar destes fatos dolorosos uma advertência que diz respeito a todos,
porque todos somos pecadores”, tanto assim que, aos que lhe haviam perguntado,
tinha dito: “Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo” ( v. 3).
Também a
nós, contemporâneos, pode vir a tentação de “descarregar” a responsabilidade
dos eventos trágicos ou catastróficos “sobre as vítimas, ou mesmo sobre o
próprio Deus”. No entanto, o Evangelho nos levanta algumas questões: “que ideia
de Deus nós nos fizemos? Estamos convencidos de que Deus seja assim, ou aquela
não é, isso sim, uma projeção nossa, um deus feito ‘à nossa imagem e
semelhança’?”.
Jesus nos
chama a “mudar o coração, a fazer uma mudança radical no caminho da nossa vida,
abandonando os pactos com o mal” e as “hipocrisias” para “definitivamente tomar
o caminho do Evangelho”. Deus não gosta de “boas pessoas” ou de simples “fieis,
até bastante praticantes”, que, por isso, “acreditam que são justificados”.
Muitos de
nós são como “uma árvore que, durante anos, tem dado muitas provas de sua
esterilidade”, como a “figueira estéril”, de que fala o Evangelho (cf .. V.9).
No entanto, nisso, Jesus mostra uma “paciência sem limites” oferecendo-nos
tempos de graça e arrependimento como a Quaresma ou o atual Ano Jubilar da
Misericórdia.
“Vocês já
pensaram na paciência de Deus? – perguntou o Papa aos fieis – . Pensaram também
na sua preocupação inflexível com os pecadores, como deveriam provocar-nos à
impaciência nas relações conosco mesmos. Nunca é tarde demais para
converter-se, nunca! Até o último momento: a paciência de Deus que nos espera”.
Bergoglio,
portanto, citou a anedota de Santa Teresa do Menino Jesus, quando começou a
rezar por um condenado a morte, que até o último momento rejeitava o sacerdote
para a confissão final. Enquanto Santa Teresa continuava a orar no seu
convento, aquele homem, “bem no momento de ser morto, dirigiu-se ao sacerdote,
tomou o crucifixo e o beijou”.
Um
episódio que revela a “paciência de Deus”, que se manifesta com qualquer um de
nós, que estamos sempre na iminência de cair em pecado e Ele “nos salva”, com
“sua misericórdia”.
“Nunca é
tarde demais para se converter, mas é urgente, é agora! Comecemos hoje”,
recomendou o Pontífice, invocando Nossa Senhora, para que nos ajude a “abrir o
coração à graça de Deus, à sua misericórdia” e a “não julgar jamais os demais,
mas deixar-nos provocar pelas desgraças diárias para fazermos um sério exame de
consciência e converter-nos”.
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