Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero,
L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário
diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo (Brasil) COMENTARIO A LITURGIA
DOMINICAL SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM Ciclo C Textos: Is 62, 1-5; […]
Comentário sobre a
liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e
diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo
(Brasil)
COMENTARIO A
LITURGIA DOMINICAL
SEGUNDO DOMINGO DO
TEMPO COMUM
Ciclo C
Textos: Is 62,
1-5; 1 Co 12, 4-11; Jo 2, 1-11
Pe. Antonio
Rivero, L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no
seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo (Brasil).
Ideia principal: O
vinho novo trazido por Cristo ao nosso mundo e a cada lar, por mediação de
Maria.
Síntese da
mensagem: A uns meses da conclusão do Sínodo sobre a família, Deus nos
surpreende neste domingo com o evangelho das Bodas de Caná. Sabemos que é um
dos “sinais” de São João que nos revelam um profundo significado. Este
evangelho traz muita cristologia, mariologia e messianismo. Difícil e
codificado. Tentemos descodificar. Tanto Isaias na primeira leitura como São
João no evangelho insistem nesse sinal: Deus nos ama com um amor comparável ao
do esposo para com a esposa. Cristo aparece como o Noivo ou o Esposo, o Vinho
novo que Deus preparou para os últimos tempos. Chegou a hora do Esposo que
cumpre as promessas do Antigo Testamento.
Pontos da ideia
principal:
Em primeiro lugar,
Jesus ocupa o centro do relato das bodas. O “vinho” que Jesus traz è
excepcional, abundante (mais de quinhentos litros) e superior à água incolor,
inodora e insípida das talhas de “pedra” do judaísmo; alusão à lei, escrita em
tábuas de pedra.
Cristo não traz um sistema doutrinal, mas a manifestação do
seu mistério. Por isso escolhe umas bodas. A aliança messiânica foi anunciada
pelos profetas sob o simbolismo de umas bodas (cf. Os 2, 16-25; Jr 2, 1s; 3,
1-6; Ez 54, 4-8). O vinho era uma característica predominante dos tempos e bens
messiânicos. Se a água dos judeus purificava os corpos; o vinho de Cristo
purificará as almas, porque o converterá depois no seu Sangue bendito. O quarto
evangelho dá inicio à atividade de Jesus com a alegria das bodas messiânicas. O
esposo é Jesus e a esposa, a pequena comunidade que se une ao seu redor pela
fé. A glória que os discípulos contemplam em Jesus é a sua manifestação como o
novo esposo messiânica. E a presença de Maria ai representa o Antigo Testamento
e a humanidade inteira. Constata a falta de algo que era essencial nos tempos
messiânicos: a abundância e a qualidade do vinho. Assim afirma depois o
organizador da festa. E Ela, com amor misericordioso e materno, intercede por
nós diante do seu Filho. E consegue o milagre, adiantando a Hora do seu Filho e
também a sua própria hora como mãe da humanidade inteira. Ao chamá-la de
“Mulher”, Jesus está afirmando que os laços da família de Deus são mais fortes
que os do sangue.
Jesus atua porque pede a sua mãe, quanto mais quando tiver
chegado a sua Hora!
Em segundo lugar,
as bodas de Caná são a primeira boda cristã que nos consta, lendo os
evangelhos, onde Jesus em pessoa entrou e compartilhou o vinho da sua benção,
elevando essa união matrimonial ao sacramento, fonte de graça divina e reflexo
do amor que Ele tem pela sua Igreja. Sem Cristo no matrimonio, e na vida,
faltar-nos-á o vinho do amor, da alegria e do sentido pleno da existência; e o
nosso vinho humano se avinagrará com facilidade. Com Cristo, teremos sempre o
vinho de primeira qualidade que nunca azedará. Vinho que alegrará um lar e a
convivência matrimonial. Vinho que compartilharemos com os filhos, parentes e
amigos, com manifestações de interesse, de ternura, generosidade, conselho.
Vinho que com o passar dos anos- se continuar Jesus no centro da família- terá
um buquê especial que regozijará os olhos, o olfato e o paladar, e nos ajudará
a vencer as dificuldades normais da convivência. Basta nos sentar e saborear
uma taça desse vinho novo trazido por Cristo para que as penas diminuam, o
sorriso floresça nos lábios e os abraços se estreitem uma vez mais. Por isso, o
sinal milagroso de Caná exprime o “sim” de Cristo ao amor, à festa, à alegria
de todos os matrimônios e famílias.
Finalmente, e
quando faltar o vinho, o que fazer? Qual é o vinho que falta no nosso mundo? O
vinho da paz, o da ternura em tantas famílias; o vinho da fé, da esperança e do
amor em tantos corações; o vinho da verdade em tantas mentes…? Quando faltam
estes vinhos, a vida se “avinagra”. Surgem as brigas, as separações, os divórcios,
os interesses partidários, as trapaças econômicas, as frivolidades vácuas, a
mentira como ferramenta de comunicação, o relativismo moral, a violência e o
terror. O que fazer? Invocar a Maria; Ela é a onipotência suplicante, como são
Bernardo nos disse. Maria viu a carência na boda, fê-la sua solidariamente, e
colocou mãos a obra. Não ficou em relatar o que acontece e se lamentar pelo que
falta ou vai mal. Dar-se conta do “vinho” que falta, arregaçar as mangas no que
depende de nós, tendo na Palavra de Jesus a nossa força e a nossa luz. Isto foi
Caná. Esta foi Maria. O Evangelho termina dizendo que “os discípulos creram
Nele” (Jo 2,11). O final è que tendo vinho, teve festa, e os discípulos vendo o
sinal, o milagre, creram em Jesus. Necessitamos milagres de “vinho”; o mundo
necessita ver que os vinagres do absurdo se transformam em vinho bom e
generoso, o do amor e da esperança, o que germina em fé. Sempre tem um brinde
por ser feito. Que seja com o vinho como o de Maria em Caná.
Para refletir:
como está a talha do meu coração: vazia, meio cheia ou cheia até a borda? Tem
vinho de alegria e entusiasmo ou água incolor, inodora e insípida? Quais coisas
avinagram o meu vinho que Cristo me deu do meu casamento, no dia da minha
ordenação sacerdotal, no dia da minha consagração religiosa? Costumo invocar
Maria Santíssima para que interceda por mim diante do seu Filho Jesus?
Para rezar: Maria,
dizei ao vosso Filho que está acabando o vinho da alegria, do amor, da fé e da
confiança em nós. Dizei ao vosso Filho que tem muitas famílias só com água ou
pior, com vinho avinagrado; que tenha piedade de nós. Obrigado, Maria, pela
vossa intercessão. Tirai-nos do apuro, como fizeste em Caná.
Qualquer sugestão
ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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