Histórico
O Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século 20. Em 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas fixou a data em 8 de março. Desde então este é o dia escolhido para lembrar o longo caminho na conquista de direitos, obtidos por meio de lutas a que mulheres do mundo todo se dedicaram.
Mas qual o motivo de se comemorar esta data em 8 de março? Essa origem possui versões distintas: uma disseminada mundialmente (mas com pouca fundamentação em documentos históricos) e outra mais polêmica (quase esquecida, mas com uma série de “provas”). Por via das dúvidas, apresentaremos um resumo das duas origens.
A versão mais aceita conta que em 8 de março de
1857, em Nova Iorque, um incêndio criminoso matou 129 operárias, empregadas em
uma indústria têxtil, que protestavam contra a excessiva carga de trabalho, os
baixos salários (três vezes menor que os dos homens) e as péssimas condições de
trabalho. Para conter a manifestação, a polícia e os patrões teriam trancado as
portas da fábrica e colocado fogo no prédio, queimando todas as manifestantes.
Essa é a versão que embasou as lutas de feministas nas décadas de 1960 e 70 e que
serviu de inspiração para a criação da data oficial pela ONU, pela Unesco (em
1977) e pelo prefeito de Nova Iorque (em 1978).
Nos
últimos 20 anos, no entanto, diversas pesquisas têm apontado que o incêndio de
1857 nunca ocorreu, ou seja, é fictício. A pesquisadora canadense Renée Cóté
deu início às discussões ao lançar, em 1984, o livro “O Dia Internacional da
Mulher – os verdadeiros fatos e datas das misteriosas origens do 8 de março,
até hoje confusas, maquiadas e esquecidas”. Na obra, a autora explicava que não
encontrou em nenhum arquivo dos Estados Unidos, da Europa e do Canadá qualquer
referência à greve de 1857. Nem os jornais da época comentaram o fato. A
pesquisadora defende (assim como muitos outros estudos viriam a defender
depois) que o incêndio criminoso foi um mito criado juntando diversas greves
que ocorreram no início do século 20 com o incêndio que ocorreu em 25 de março
de 1911, em Nova Iorque, matando 146 pessoas, entre mulheres e homens.
O primeiro registro a respeito do incêndio de 1857
ocorreu em 1966, em uma publicação da Federação das Mulheres Comunistas da
Alemanha Oriental. De lá para cá, o “mito” foi consolidado e novos fatos foram
acrescentados por diversas entidades.
Ultimamente tem-se defendido a teoria de que um dia
dedicado às mulheres começou a ser comemorado nas organizações socialistas ao
redor do mundo, a partir de 1909, sempre em datas próximas ao 8 de março. Um
deles, ocorrido em 1917, serviu de estopim para a Revolução Russa. No Ocidente,
o Dia Internacional da Mulher foi comemorado nas décadas de 1910 e 20, mas com
o surgimento do nazismo na Alemanha, o triunfo do stalinismo na URSS, o
declínio da social-democracia européia e o início da Segunda Guerra Mundial
enterraram as manifestações das mulheres. Somente nos anos 60, o feminismo
ganharia novo fôlego e todas as questões de igualdade entre gêneros voltariam à
tona.
A discussão a respeito da origem da data já gerou
muita polêmica e não será concluída tão cedo. Independentemente disso, é
importante valorizar cada vez mais o 8 de março como uma data para refletirmos
as relações que estabelecemos em nossa sociedade e para lutarmos por condições
iguais entre os sexos. Afinal, a exploração de mulheres ainda está longe de ter
um fim.
Jornal Mundo Jovem
Nenhum comentário:
Postar um comentário